Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas
Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anêmonas do fundo do mar...
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras !
Só apanho, porém, com elas,
esse alimento impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo pertenço?
No mundo há pedras, baobás, panteras,
íguas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: "existo".
Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos palavras mágicas,
Fazemos poemas, pobres poemas
Que o vento mistura, confunde e dispersa no ar...
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação !
Mas, então, quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos?
Quem faz - em mim - esta interrogação ?
( Mário Quintana )
Olho as minhas mãos – Mário Quintana
2011-03-14T11:32:00-03:00
Patrícia Ximenes
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